quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Leite creme como deve, realmente, ser feito.

Existem algumas versões de leite-creme, umas mais aproximadas da tradicional outras, muito para além mar. A primeira referência à receita aparece nos finais do século XVII, em França embora os Ingleses também reclamem a sua origem.
O numero de receitas de leite-creme é infindável, tantas quantas as mãos que o fazem. A minha é afinal mais uma mão que usa uma receita passada de geração em geração e que em nada é alterada a não ser na qualidade dos produtos utilizados, agora mais manipulados e artificiais do que nos tempos das nossas avós.
Deixo aqui mais uma receita deste belo manjar que de simples e fácil não tem nada.



Ingredientes:

10 colheres de sopa de açucar
3 colheres de sopa de farinha de trigo
1l de leite
1/2 colher de sopa de manteiga
2 pau de canela
1 casca de limão grande
3 gemas de ovo

Num tacho deite o açúcar e as gemas e misture. Vá adicionando a farinha aos poucos e o leite suficiente para ficar com um creme liso. Junte agora o restante leite, a manteiga, o pau de canela e a casca de limão. Leve o tacho em lume brande e mexa continuamente até começar a ferver. Se vir que ficou muito grosso, vá juntando mais um pouco de leite mas deixe sempre ferver entre cada adição.
Quando pronto, retire a canela e a casca de limão e deixe arrefecer na travessa ou prato em que vai servir sem mexer mais. A altura ideal de leite-creme na travessa será entre o centímetro e meio e os dois.
Depois de frio aqueça a pá de queimar leite creme e quando estiver bem quente polvilhe o doce com açúcar e queime com a pá.
Deixe o creme abrir rachas antes de servir, o caramelo vai-se entranhar e dar um sabor excecional ao doce.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Bombons caseiros


Adoro fazer bombons, especialmente, porque ao contrário do que a maioria pensa, não dão trabalho nenhum, pelo menos da forma como os faço. É claro que são necessários alguns instrumentos específicos tão que os compro numa loja qualquer a poucos euros. Falo das formas de silicone, embora nas lojas da especialidade haja umas próprias para bombons vendidas a preços exorbitantes, estes podem ser feitos com qualquer forma de silicone. O unico segredo para estas iguarias é a paciência pois entre cada pincelada de chocolate tem que haver uma visita ao frigorífico.
Além das bolachas, fazer bombons com crianças é giríssimo, só temos que as alertar para não comer o chocolate todo antes dos bombons estarem prontos. A primeira vez que o fiz foi com a minha sobrinha que na altura tinha oito anos, adorou e agora, com doze, já os faz sozinha.

Ingredientes:

Chocolate de leite ou preto de cozinha qb
Recheio à escolha (manteiga de amendoim, praline, frutos secos, casca de laranja cristalizada, calda de coco...)

Formas de silicone (pode usar as de gelo com vários feitios)
Pincel recto.

Pique o chocolate grosseiramente e derreta-o em banho-maria. Pincele a forma com uma pequena camada de chocolate e leve-a ao frigorífico e quando o chocolate estiver novamente duro pincele novamente e repita esta operação quantas vezes for necessário para criar uma camada de chocolate suficiente que permita que estes não quebrem ao desenformar. Coloque o recheio que escolheu e por cima coloque outra vez chocolate. Tenha algum cuidado ao usar o pincel nesta fase para o chocolate não se misturar com o recheio, o ideal será deixar escorre-lo escorrer para cima deste. Leve novamente ao frigorífico. Quando o chocolate estiver rijo pincele novamente com mais chocolate. Tenha o cuidado de quando colocar o recheio este ficar abaixo do bordo da cavidade, o que se pretende é que na ultima camada de chocolate esta fica ao nível do bordo. Após a ultima camada de chocolate, deve deixar a forma no frio cerca de 30 minutos.
Para os desenformar, use uma faca afiada para raspar o excesso de chocolate que fica agarrado à forma. Para os desenformar, estique a forma nos vários sentidos, vire a mesma para uma superfície lisa e pressione, com delicadeza o fundo (que vai ser a parte de cima dos bombons) para estes se soltarem.

Nota: se notar que os bombons ficaram baços é sinal que o chocolate não estava suficientemente derretido, o ideal será este estar a uma temperatura de 45º mas como quase nenhum de nós tem termómetro de chocolate, para saber que este está no ponto passe o pincel no fundo do recipiente, se este deixar o fundo "limpo" com muita facilidade é porque está na temperatura ideal para as formas de silicone.

Penso que a explicação não vos vai deixar dúvidas, caso contrário escrevam que as esclarecerei.




segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Laranja cristalizada

Aqui em Luanda não arranjo casca de laranja cristalizada e como gosto muito só tive um remédio, fazer. Pesquisei na net e consegui esta forma muito simples de a fazer. Na escola, quando tirei o curso, fazia-se muita mas com uma maquineta própria, esta era a melhor que alguma vez comi, suculenta e sem as habituais crostas de açucar que nada aprecio.


Ingredientes

Corte a laranja em quartos e limpe-a por completo da polpa. Coloque num alguidar com bastante água durante 48h. Mude a água duas vezes por dia.
Escorra a água das cascas e pese-as. Num tacho coloque a mesma quantidade de açucar e metade de água e faça uma calda em ponto de rebuçado. Coza as cascas nesta calda até a parte branca ficar translucida. Não se esqueça que as cascas devem ser bastante grossas, se fizer com casca fina não vai conseguir um bom resultado. Quando estiverem cozinhadas retire as cascas e coloque-as numa peneira a escorrer o excesso de calda. Junte um pouco de água à calda que ficou e deixe que esta fique novamente em ponto de rebuçado. Coloque novamente as cascas na calda e mexa sempre até o açucar ficar em ponto de estrada. Retire-as para um prato com açucar e envolva-as bem neste. Vá colocando-as bem separadas umas das outras.



Pãezinhos de Paris


O meu marido ofereceu-me o "tesouro das Cozinheiras", livro que há muito tempo andava para comprar. Na primeira semana fiz umas quantas receitas de pão e a que mais me agradou foi esta. Os pãezinhos de paris são uma versão paresience dos sconnes mas muito melhor. Os rapazes cá da casa lambuzaram-se e o amigo que já estava cá há dois dias também.

Ingredientes:

250gr fe farinha
125gr de açúcar
65gr de manteiga amolecida
2 ovos inteiros e batidos
3 colheres de sopa de leite
10gr de fermento em pó

Batem-se a farinha, a manteiga, o açucar e o fermento. Juntam-se os ovos inteiros levemente batidos aos poucos. Depois de tudo bem amassado, formam-se pequenas bolas que se pincelam com ovo e que vão ao  forno a 180º durante 30 minutos.
Os meus foram feitos numa forma de muffins.

Tarde com lemon curd

Tenho a mania de congelar tudo mas nesta terra de calor só se consegue conservar alguma coisa desta forma. O lemon curd que fiz, há umas semanas largas, também não conseguiu fugir ao congelador, o problema é que quando o descongelei tive que inventar qualquer coisa para o gastar.
Como já referi num post anterior, os fins de semana são ocupados com jantares de amigos e a escolha dos menus nem sempre é pacifica pois não gosto de me repetir. A moda desta terra são os churrascos que já não suporto, sempre que se vai a casa de alguém é churrasco, churrasco e mais churrasco, picanha e costelinha e mais costelinha e picanha... bah, que enjoo. Por este motivo e um outro que talvez um dia mais tarde explique, churrasco é coisa que não é servida nesta casa. Mas a receita de hoje nada tem a haver com churrasco mas sim com uma fabulosa tarde que fiz para um desses jantares e que serviu, como já referi, para gastar um lemon curd esquecido no congelador.
Comecei por fazer a base igual às tartes que não vão ao forno e depois, e aqui a novidade, derreti chocolate e criei uma pelicula do mesmo em cima da base, só depois coloquei o lemon curd batido com um pacote de natas e uma folha de gelatina para prender. Resumindo, ficou divinal.


Ingredientes

1 pacote e meio de bolacha maria moída
100gr de manteiga
2 colheres de sopa de cacau em pó

250gr de chocolate de leite para culinária

200gr de lemon curd
200ml de natas batidas
1 folha de gelatina

Base
Misture a bolacha moída com o cacau e a manteiga. Preencha uma forma de tarte de fundo amovível com esta mistura. Leve ao frigorifico.

Derreta o chocolate em banho maria e verta por cima da base da tarte criando uma fina camada. Leve ao frigorifico até o chocolate voltar ao estado inicial.

Bata o pacote de natas até ficarem com a consistência de chantily. Junte o lemon curd e continue a bater (com a varinha). Demolhe a folha de gelatina e derreta-a no microondas. Junte ao preparado anterior.
Verta este creme por cima da base e leve ao frigorifico.
No momento de servir polvilhe com cacau em pó.








terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Sangria de espumante

O calor em Luanda aperta e como, ao contrário da maioria do comum mortal, cerveja gelada é coisa que não entra. Simplesmente detesto, o sabor, o cheiro e o próprio aspecto da cerveja e como tal, quando tenho jantares cá em casa, que diga-se de passagem tem sido todos os fins de semana, raramente sirvo cerveja, a não ser que seja um churrasco. Um bom vinho branco bem fresco sabe sempre melhor com a temperatura ambiente do que a visgosa cerveja mas como nem todos apreciam, ultimamente tenho feito uma sangria de espumante que agrada a todos. Fresca, suave e bem frutada "escorre" lindamente e nós também começamos a escorregar quando nos levantamos da cadeira....



Sangria de espumante

1 garrafa de espumante bruto
2 latas de sumol laranja ou outro de laranja com gás
2 maças
2 laranjas
1 limão
folhas de hortelâ


De antemão, coloque as bebidas na geladeira.
Comece por cortar a fruta em pedaços pequenos sem retirar a casca (anule os caroços). Junte à fruta os sumos, tape e leve novamente ao frio. Pouco antes de servir, adicione o espumante e as folhas de hortelã.



terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Um pão de leite acabado de fazer, uma foto que ficou esquecida e dois dedos de paleio

Ao contrário do habitual, este post não vai ter receita nem fotografia, é que neste preciso momento, estou a lambuzar-me com um pão de leite fresquinho, receita retirada do "Tesouro das Cozinheiras" e a preguiça de ir buscar a máquina que está longe (no compartimento do lado a carregar), montar o cenário e todos os afins, ía-me retirar estes pequenos minutos de prazer e não haja a menor dúvida que comer é, além de uma arte,  um prazer. É claro que não precisamos de exagerar na dose diária para sermos um apreciador de bons petiscos e nem tão pouco utilizar ingredientes, num determinado prato, que de antemão sabemos que são prejudiciais à saúde e com isto estou-me a lembrar dos malfadados caldos Knorr, Maggi e umas quantas outras marcas existentes no mercado mas também da quantidade exagerada de natas que podem ser facilmente substituídas por molho bechamél ou iogurte natural magro. E porque não começarmos a usar tomate fresco congelado em vez das polpas de compra cheias de aditivos e conservantes químicos? Claro, não é tão prático, rápido mas quando não temos muito tempo para fazer o jantar não é preferível optarmos por um menu de confecção simples em vez das artificialidades facilitadores da vida e que nos levam rapidamente para a cova?  Exagerar? Tão pouco, lembrem-se apenas das estatísticas mundiais acerca dos AVC, tromboses e outras doenças que evoluem, também, com base nos maus hábitos alimentares.
"O sabor não é o mesmo..." dizem alguns que como contra resposta "claro que não, é melhor". Tudo isto se baseia na pura preguiça, é mais fácil, não dá trabalho logo nem quero saber se estou a contribuir para que os meus filhos sejam futuros adultos de risco (saúde) e como todas as campanhas que se vêm só servem para gastar o dinheiro dos contribuintes e é tudo uma treta vou continuar a ingerir fast food em vez de uma sopa de couve e feijão vermelho.
Um bom prato, para ser confeccionado, não precisa de muita arte mas sim de gosto e, no fundo, amor pelos pratos e pelas panelas mas mais importante, amor por aqueles que nos rodeiam, não pediram para nascer e temos o dever de cuidar e amar.
Posso dizer, à boca cheia que os meus são felizardos, a mãe até bolachas e biscoitos faz, produtos fabricados de forma industrial são ingeridos mas em quantidades muito reduzidas. Batatas fritas de pacote? Também comem, quando vão a algum aniversário. Refrigerantes? No aniversário. Gomas, rebuçados e afins? Como todas as outras crianças só que em vez de comerem um quilo apenas comem um e as gomas é a mãe que faz.

Acabei o meu pão de leite e já estou com vontade de ir buscar outro mas não, a gula é uma absoluta inimiga do bem apreciar. Comer até rebentar? Deixemos essa moda na história e passemos a comer com inteligência para não passarmos a vida a fazer dietas desnecessárias (falo de pessoas saudáveis) que nos privam das alegrias que estes pequenos prazeres nos dão e com isto, apenas me vem à memória duas modelos a saír de uma confeitaria muito conhecida na Boavista, Porto, com dois enormes cones de gelado na mão a rirem-se como duas crianças. As gordinhas são mais felizes? Honestamente não sei, já li muita coisa sobre o tema, opiniões contra outras a favor mas o que sei é que quando a auto-estima não depende de factores externos (opiniões dos outros por exemplo, critica social) são mais bem dispostas. Mas, e as magras que comem este mundo e o outro? Essas são o paraíso na Terra.

(Juro que, neste momento, estou-me a contorcer para não atacar o pão)

Mas todo este blá blá blá porque motivo? Apenas para me justificar perante a plateia, do destino de tantas coisas doces confeccionadas, embora muitas sejam para consumo dos da casa, a maioria são para clientes (um pequeno negócio caseiro) e outras para os muitos jantares que vão havendo aqui ou em casa de amigos e para tentar chamar à atenção dos educadores das crianças pequenas para os hábitos alimentares que incutem nos próprios filhos desde pequenos, é assustador, especialmente aqui em angola, ver o que estas crianças comem e especialmente o que bebem, suponho que muitas delas não devem saber o que é água pois desde o ano ou mais novas que só sabem beber refrigerantes incluindo a coca-cola.

Cuidem-se e já agora, aproveitem a dita crise Tuga para aprenderem um pouco de economia doméstica e desenterrarem do baú alguns pratos com que éramos brindados na nossa infância, mesmo desconhecendo, a verdade é que as nossas mães e avós cozinhavam de forma muito saudável e poupada.